Empreendedorismo feminino no Brasil: aprendizados de 2020 e 2021
04/08/2021 2021-09-30 16:49Empreendedorismo feminino no Brasil: aprendizados de 2020 e 2021
Empreendedorismo feminino no Brasil: aprendizados de 2020 e 2021
No último ano, o empreendedorismo feminino no Brasil cresceu 40%, segundo dados da Rede Mulher Empreendedora. Porém, esse crescimento durante a pandemia possui um lado negativo, por ser, em grande parte, um empreendedorismo por necessidade e não por oportunidade.
As mulheres têm procurado abrir negócios menores, que geram renda mas que são conciliáveis com os cuidados da casa e da família. Apesar da dificuldade em conquistar cargos em empresas, a igualdade de gênero é um dos fatores que trazem mais receita, inovação e ambientes mais saudáveis para todos os colaboradores.
Acompanhe o artigo para entender mais sobre o panorama do empreendedorismo feminino no Brasil, os aprendizados de 2020 e 2021 e como as empresas podem se beneficiar de uma equipe – e diretoria – mais diversificada.
Empreendedorismo feminino no Brasil
Apesar de mais mulheres estarem empreendendo, o empreendedorismo feminino no Brasil acontece, em grande maioria, por meio de microempreendedoras ou por trabalhadoras informais. Quando observamos o panorama das empresas, o cenário é diferente.
De acordo com o Sebrae, a pandemia da Covid-19 reduziu a proporção de mulheres no empreendedorismo. No terceiro trimestre de 2020 havia cerca de 25,6 milhões de donos de negócio no Brasil, sendo 8,6 milhões de mulheres (33,6%) e 17 milhões de homens (66,4%).
Para se ter uma noção, em 2019, a presença feminina correspondia a 34,5% do total de empreendedoras, o que resultou em uma perda de 1,3 milhão de mulheres de um ano para o outro.
Desafios enfrentados pelas mulheres
Há alguns motivos pelos quais o empreendedorismo feminino no Brasil apresenta números discrepantes entre homens e mulheres.
Tripla jornada
O termo tripla jornada se refere à sobrecarga de trabalho diário destinada às mulheres, que engloba carreira profissional, afazeres domésticos e educação dos filhos. Em média, as mulheres brasileiras dedicam o dobro do tempo dos homens a afazeres domésticos e cuidados de pessoas.
São 20,9 horas por semana gastas com elas, contra 10,8 horas por semana deles, de acordo com o IBGE. Além disso, um estudo realizado pelo Ipea afirma que mais de 90% das mulheres declararam realizar atividades referentes à casa, enquanto dos homens apenas 50%.
De acordo com a ONU Mulheres, a pandemia agravou ainda mais essa diferença. 43% das brasileiras entrevistadas na pesquisa afirmaram que as tarefas domésticas e cuidados com os filhos aumentaram durante o isolamento, contra 35% dos homens.
Falta de investimento
Além do excesso de trabalho, um dos principais desafios do empreendedorismo feminino no Brasil é a falta de recursos. Startups fundadas por mulheres recebem menos da metade de investimentos que startups fundadas por homens. Sendo que startups fundadas ou co-fundadas por mulheres produzem 10% a mais de receita.
Entre os 36 fundadores de unicórnios brasileiros, startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão, há apenas duas mulheres em 2020. Em 2021, a situação é ainda pior: os 21 fundadores das startups candidatas a unicórnio em 2021 são homens.
Apesar de serem minoria entre as startups brasileiras existentes hoje, empresas de inovação lideradas por mulheres existem. Um mapeamento da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) feito com 3 mil startups mostrou que 378 empresas tinham fundadoras mulheres — esse número não conta as startups que têm mulheres como co-fundadoras.
Preconceito e machismo
Outro desafio enfrentado no empreendedorismo feminino no Brasil é o preconceito e o machismo. Um estudo recente feito pela Heidrick & Struggles afirma que quase uma a cada duas mulheres diretoras de empresas afirma tiveram de superar preconceitos.
Isso impacta nos salários, já que mulheres ganham 26,5% a menos que os homens na mesma função, e na velocidade em que conseguem subir na carreira, já que as mulheres levam em média dois anos a mais do que os homens para chegar ao topo da pirâmide empresarial.

Impacto da diversidade de gênero em inovação e faturamento das empresas
Mas não são apenas as mulheres que perdem com isso. Empresas com mais diversidade na liderança são mais inovadoras e diversidade de gênero é um dos quatro fatores que trazem benefícios diretos para as empresas.
Vamos aos fatos: empresas com força de trabalho diversificada e locais de trabalho inclusivos, com mulheres e pessoas negras, foram muito menos afetadas pela crise financeira global, de acordo com o instituto BCG.
De 2007 a 2009, o S&P 500 (índice do mercado de ações composto pelas 500 maiores empresas do mundo) caiu mais de 35% durante a crise, enquanto que as ações de empresas inclusivas aumentaram 14%.
Trazer diversidade às empresas e fomentar o empreendedorismo feminino no Brasil são uma das melhores formas de gerar inovação e faturamento para as empresas. Mais mulheres são o futuro do empreendedorismo no Brasil.